Winona Ryder dispensa apresentações como um dos grandes nomes do cinema estadunidense durante as décadas de 80 e 90, e como todos sabemos a perdemos assim que o novo século iniciou. Antes de reaparecer brilhando em Stranger Things teve um breve êxito em Cisne Negro (2010), o que parecia o início do seu grande retorno às telonas. Mas não foi. E temo a dizer que Gone in the Night, da BoulderLight Pictures (envolvida na nova versão de Chamas da Vingança), é mais uma tentativa ruim de tentar tornar ela uma grande estrela de thrillers psicológicos, assim como A Carta (2012).
Com direção de Eli Horowitz, que é responsável pelo roteiro ao lado de Matthew Derby, Gone in the Night tem uma narrativa fragmentada em eventos que se interligam em presente e passado, repleto de pequenas reviravoltas que tentam surpreender o telespectador. O filme a companha na pele da bióloga quarentona Kath, que junto do namorado, Max (John Gallagher Jr.) parte para um fim de semana numa residência alugada no meio do nada. E se tiramos alguma lição das histórias de terror, é que isso nunca acabou bem. Lá eles descobrem que o lugar tem outros hóspedes, sendo estranhamente recepcionados por Al (Owen Teague) e Greta (Brianne Tju), uma mulher voluptuosa de pose misteriosa que atrai pouco a pouco a atenção de Max, que ao invés de pegar o carro e fugir imediatamente com a amada, decide ficar e passar a noite com os estranhos. E como se isso fosse um livro do Harlan Coben, o cara desaparece junto da jovem mulher sem deixar rastros nos dias seguintes, com Kath aceitando calmamente a justificativa de que os dois se tornaram amantes da noite pro dia e fugiram juntos. E tenta seguir em frente nas próximas semanas, mesmo que instintivamente queira reencontrar com o (ex) namorado para pôr um ponto final definitivo.
Kath pode ser uma mulher esperta mas esse é apenas o começo de uma sucessão de erros, enquanto entra na gama de armadilhas dos estranhos. Quando começa a se mobilizar para saber sobre o local alugado, conhece o proprietário, Barlow (Dermot Mulroney) e tem uma espécie de flerte com ele. Há química no ar entre os dois atores, mas não é difícil supor o papel que o personagem vêm a assumir depois. O roteiro tem ao menos um elemento surpresa, que justifica a contextualização do interesse em biomedicina, filosofia existencialista e ciência dos personagens, mas dentro de todo o esquema cheio de facilitações absurdas acaba sendo enfraquecido demais. Lembram da Gillian Flynn? A autora por trás das obras adaptadas em Garota Exemplar (2014), Lugares Escuros (2015) e Objetos Cortantes (2018)? Horowitz e Derby mais parecem quererem se bancar como novos espertões dessa linha de thrillers inventivos. E mesmo com umas adições novas dentro do gênero, falharam miseravelmente. Todo o trabalho de direção de arte e fotografia contribuem para a identidade como suspense genérico. A face de Ryder é excessivamente explorada nos close-ups, querendo extrair uma expressividade maior. Talvez fosse melhor transformar isso num livro primeiro.
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