Com passagem por diversos festivais de Estados americanos, Poser realizado pela dupla Ori Segev e Noah Dixon é uma produção independente do estúdio Loose Films, que se insere no atual cenário de música underground em Columbus e reúne alguns artistas profissionais dessa cena. Começa em passos lentos como um drama, tal como sua protagonista, Lennon Gates (Sylvie Mix), mas conforme avança converge drasticamente com o thriller.
Dividido em 8 capítulos, Lennon nos é apresentada como uma mulher introvertida na faixa dos 20 anos, com visual descolado, um emprego num restaurante e atitudes reclusas. Na abertura faz uma gravação sem autorização numa galeria de arte, e afirma estar começando um podcast, mas com isso mais parece estar acumulando uma coleção pessoal de relatos e leva uma vida afastada da família, mantendo um vago contato apenas com a irmã pouco receptiva, Janie (Rachel Keefe), além de um peixinho dourado. Ela é atraída pela indústria de música independente pela imagem de autonomia e autenticidade com a criação de material que esses artistas vendem. Um dia, ouve um disco novo da banda Damn the Witch Siren e fica seduzida pelo som, e especialmente pela dona da voz, Bobbi Kitten, que se apresenta ao lado de Z Wolf, um músico de identidade desconhecida por usar uma máscara de lobo. O que a inspira a investir em seu projeto de podcast, tendo um primeiro contato relevante com Micah (Abdul Seidu), pra então finalmente entrar em contato com Kitten. Sexy e com ar de mistério, a cantora preenche o vazio por atenção de Lennon, que muito interessada começa a se jogar mais nisso. Há uma tensão sexual entre elas, mas sua relação toma um outro rumo.
O roteiro de Noah Dixon traz um jogo de perspectiva: nós seguimos Lennon, ignoramos os pequenos sinais de comportamento suspeito e acreditamos que a conhecemos, para então a partir que a relação dela com Kitten se complica, estarmos diante de uma pessoa diferente, é quando cai a máscara de poser. Em determinado momento é mencionado a Tack Gallery, um antigo abatedouro/fábrica de carne abandonado próximo das linhas de trem que se tornou um salão para eventos de músicos, até um terrível incidente. Uma informação que se torna mais relevante com o decorrer.
O cuidado de som e escolha na trilha sonora de Adam Robl e Shawn Sutta são bem pontuados, que ritmam o avanço narrativo. Kitten e Gates têm bons momentos de química, especialmente uma com mímica. Mas eis o grande problema, na tentativa de ser subversivo, Poser não chega a lugar nenhum em seu desfecho. É um estudo de personagem que sublinha sobre os alertas, mas quando parte para uma mudança radical não parece mais coerente, com menos tempo para se assumir um thriller de obsessão. Como esse cenário de artistas de mindset entediantes e engajados, é falsamente provocativo para explorar dualidades e ações morais negativas.
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