domingo, 1 de maio de 2022

A Macabra Biblioteca do Dr. Lucchetti (2022)


Chegando atrasado para falar deste filme que poderá ser visto até as 23h59m de hoje (01/05) no Darkflix, e também aproveitando para dar as saudações ao que deve ser o início do meu eventual blog para falar de cinema. Qual tema devo seguir? Nem eu sei, mas deve ter texto sobre um pouco de tudo, principalmente agora com o hype do próximo Festival de Cannes, ou o que a minha disposição permitir.


Integrante da programação gratuita e online da nova edição do Fantaspoa, A Macabra Biblioteca do Dr. Lucchetti é uma extensão da peça de sucesso, que também originou uma web-série de mesmo nome este ano. Filmado em tela verde no estúdio La Photo em Curitiba, conta com a assinatura de Paulo Biscaia Filho na direção, roteiro, edição e efeitos visuais, e tendo como grande mentor e inspiração de todo o projeto o autor pulp e ficcionista, Rubens Francisco Lucchetti, que também foi um grande contribuidor como roteirista de José Mojica Marins, o ícone "Zé do Caixão".

O que nos reserva em A Macabra Biblioteca do Dr. Lucchetti é uma deliciosa reunião de elementos de horror gótico e pulp fiction, ao nos conduzir por uma trama investigativa que nos leva a dar de cara com monstros popularizados pelos estúdios Universal e Hammer no século passado no cinema. 

Com um visual cartunista e rebuscado em emular o expressionismo alemão, o gótico e o noir pouco a pouco somos rendidos a um universo peculiar em preto e branco, de onde apenas o vermelho-sangue pinta a tela, de estranha concepção para o que idealizamos como produto nacional e por isso cativante para os apreciadores de horror clássico e das histórias de detetive. Na rápido abertura temos um vislumbre do que vem a ser o nosso grande vilão, com nítida semelhança ao Zé do Caixão, Dr. Zola (Kenni Rogers) em 1943 em Amsterdam no que parece ser sua fuga e também presenciamos sua última ordem de assassinato sob a patente nazista.

Depois saltamos no tempo até nosso herói nos anos 60, o detetive John Clayton (Ed Canedo) entediado em seu escritório, onde conta com a ajuda da assistente Vonetta (Caroline Roehrig), com quem teve um relacionamento no passado. Mas aquele dia está para ser diferente e definitivo em seu destino, ao receber Helen Zola (Michelle Rodrigues), que guarda a pose e todas as características de uma femme fatale. A mulher é esposa de Zola e contrata Clayton para que ele descubra se o doutor a está traindo.A mansão Zola com cães de guarda como esperado, é fonte de uma desconcertante e assombrosa calmaria, e a partir do momento que John interrompe um encontro de Helen com um desconhecido (Paulo Rosa), se dá início a uma série de twists que vão tomando promoções divertidas e absurdas. É quando os passados dos personagens revelam estarem entrelaçados de alguma forma, com tragédias e ligações inesperadas, dando outra perspectiva sobre o detetive, a sedutora Zola e principalmente, Zonetta que toma um espaço fundamental para nos introduzir a tal macabra biblioteca do título. Contar mais detalhes seria um erro.



O humor é claro que varia para ser recebido por cada telespectador, os momentos de ação podem sofrer cobrança para terem sido melhor finalizados, e tem um tom leve e contido mesmo que haja profusão de sangue, não há muito de drama e nem de suspense, mas lembre-se que não é para ser "sério", mas demonstrar como sabe reaproveitar elementos clássicos em um formato de esquete mais ampla do gênero fantástico. O que considerei competente, assim como o desempenho dos atores, que também protagonizaram a peça. 

2 comentários:

2022 em 222 Filmes

Não é possível singularizar o cinema, sendo um vasto campo de linguagem visual e sonora. Pode ser um refúgio, quando não queremos nos inteir...