sexta-feira, 13 de maio de 2022

Chamas da Vingança (2022)


É sexta-feira 13, o que não quer dizer muito... mas ver filme de horror na data é tradição em todo mundo, mas no meu caso fui ver um horror de filme....

Chamas da Vingança (1984), pode não ter obtido o status de clássico, mas com certeza tem seu lugar na memória daquela época por trazer Drew Barrymore como a garotinha incendiária, em seus primeiros anos de auge do estrelato. Ainda assim quando cogitado um remake, ou nova adaptação, como preferem chamar, pela Universal e Blumhouse não parecia haver motivos suficientes, mesmo que o livro de Stephen King, lançado em 1980, seja um dos seus melhores romances. Passaram cinco anos, e após uma série de trocas de diretores do projeto, que teve incluso até o alemão Fatih Akin, foi entregue no comando de Keith Thomas (do regular The Vigil), e hoje (13/05) foi lançado simultaneamente nos cinemas americanos e no streaming, Peacock.


O roteiro de Scott Teems (Halloween Kills), planejou construir um background maior para o núcleo familiar que envolve Charlie (Ryan Keira Armstrong, a Alma de American Horror Story: Double Feature), nossa heroína telepática. O que parece o ideal de início mas depois de um pouco mais de meia hora para chegarmos a ter alguma ação, a sensação que fica é que o roteiro foi concebido para driblar as limitações pandêmicas, e o resultado é precário...
Como também relatado na versão anterior de Mark L. Lester, Andy (Zac Efron, visivelmente harmonizado) e Victoria (Sydney Lemmon) McGee quando jovens universitários foram voluntários de um experimento onde testaram drogas que causaram sérias alterações, os dando habilidades psíquicas. A vida da garota é cercada pelas precauções dos pais, e ela já tem uma noção de que é portadora de uma "coisa ruim", caso passe por situações de gatilho emocional. 

Aos 11 anos, sua força começa a se demonstrar pouco a pouco incontrolável, a partir de eventos em sua escola desencadeados por seu comportamento. O que desperta a atenção dos responsáveis pelo experimento passado, agora liderado pela Cap Hollister (Gloria Reuben), que dá a ordem para John Rainbird (Michael Greyeyes) capturar Charlie, custe o que custar, colocando todos em perigo. Greyeyes é uma força a parte, como naturalmente sempre foi, o vilão é quem melhor está em tela ao lado de Keira Armstrong, a nova estrela em ascensão e em grande destaque no gênero fantástico desde IT - Parte 2 (2019). Mas não há muito o que apreciar além da boa disposição da dupla, que formam um elo inesperado, que desvirtua ao incluir um teor de revisionismo o que vimos na obra escrita, com um novo desfecho, além da mudança de gênero no personagem de Cap Hollister, originalmente interpretado por Martin Sheen, que acaba não acrescentando muito. Pareço até um boomer ao dizer certa coisa, mas não entenda mal, Gloria Reuben é uma atriz adorável, como bem sabemos desde que interpretou a psicóloga Krista Gordon em Mr. Robot (2015-2019), mas novamente é desperdiçada no cinema aqui pelo guia de pose canastrona imposta na personagem, tão importante e bem apresentado em seu universo literário.

Keith Thomas tinha demonstrado umas habilidades em construção de atmosfera de horror interessantes lá em sua estréia em 2019, com The Vigil, mesmo que fosse aborrecente, mas aqui nada é tão chamativo, nem mesmo para dirigir seus atores ou criar e conduzir a tensão explosiva em volta de Andy e Charlie. Alguns usos de cores na direção de arte até são bons, mas o visual peca muito, parece até mesmo algo produzido na TV pela Lifetime, o que é um pobre investimento para seus 12 milhões declarados no orçamento.

Um momento de pura vergonha alheia acontece envolvendo um gato, que deve ter sido escrito para causar comoção sobre a natureza destrutiva e possivelmente inconsequente da menina, mas o que vemos é uma tentativa sofrível de tentar expressão. E os efeitos com a pirotecnia ah... são os piores para o ano de 2022, quando esperamos uma possível revolução com o 3D sem óculos de Avatar 2, em Dezembro. James Cameron ficaria horrorizado com o uso de CGI que salta aos olhos da pior forma possível sendo defeituoso e parecendo saído de alguma produção C dos anos 2000.


O gore é quase inexistente, com exceção para a demonstração da cena acima, que não irei detalhar, assim como prefiro evitar dizer como funciona a dinâmica com John Beasley no papel de Irv Manders, o caroneiro aleatório que na escrita de King era cativante. Ou comentar sobre o Kurtwood Smith.


Efron já teve melhores dias até o sucesso de O Rei do Show (2017), mas segue com uma sequência lamentável na filmografia após The Beach Bum e a sua frustativa tentativa como Ted Bundy em Extremely Wicked, Shockingly Evil and Vile, ambos lançados em 2019. Há quem diga que seu outro recente, Gold (2022) demonstre que o cara só dá azar de participar dos filmes errados, o que pode estar certo, mas não planejo tentar ver.

Você também pode afirmar que é um erro tentar ver qualquer sequência, reboot ou remake em pleno 2022, o que está certo, mas o que me atraiu para considerar ver este novo Chamas da Vingança, foi a composição da trilha sonora pelo célebre John Carpenter, seu contribuinte Daniel Davies e o filho, Cody Carpenter, que curiosamente nasceu na época do lançamento da versão original, em Maio de 1984. O que me fez pensar que poderia rolar algum valor sentimental pelo filme, mas pensei muito, muito errado. A trilha de Carpenter também não tinha sido uma inclusão significativa em Halloween Kills ano passado. Não há quase nada aproveitável por aqui, e Thomas está confiante de criar uma franquia mais tarde. O que esperemos que não aconteça e novamente surja uma nova franquia ruim, com desenvolvimento desconexo das fontes de King, como acontecia tão facilmente antigamente.

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