Na última terça (17/05), começou o maior evento de cinema de sempre, a
75⁰ Edição do Festival de Cannes na França. Muito badalado, e voltando cheio de polêmicas, que já começa na escolha simbólica do pôster da cena que Truman deslumbra com a parede da realidade em O Show de Truman (1998), a participação por video conferência na abertura do atual presidente da Ucrânia,
Volodymyr Zelensky que vai ser
eternizado com o seu discurso, mencionando Chaplin e tudo mais. Isso antes de iniciarem a sessão de
Coupez/Final Cut, o remake de One Cut of the Dead (2017), que desde que o diretor,
Michel Hazanavicius o retirou da programação no Festival de Sundance, é seguido de má fama. Algumas reações de uma exibição anterior exclusiva para críticos e jornalistas, já havia sido mega negativa, mas agora está cheio de reviews favoráveis, meio que provando que todo buzz negativo era gratuito e insustentável.
A exibição de Crimes of the Future, o maior título entre os competidores pela Palma de Ouro quase foi ofuscada pelos comentários de Viggo Mortensen à respeito do vencedor do ano anterior, Titane. Soando mega errôneo devido às comparações com o grande filme do Cronenberg, Crash - Estranhos Prazeres (1996). Mas deixando todo esse blá blá blá de lado, vamos ao que (me) interessa da seleção esse ano:
Após a vitória divisiva em 2017 com The Square - A Arte da Discórdia, Östlund parece estar disposto a vencer mais uma Palma de Ouro nessa sua comédia sobre um cruzeiro onde exibe merda, vômito e Woody Harrelson, tendo a exibição mais comentada desta edição até aqui com 8 minutos de ovacionamento.
Sick of Myself/Syk Pike (dir. Kristoffer Borgli) (Un Certain Regard)
Tchaikovsky's Wife (dir. Kirill Serebrennikov) (Seleção Oficial)
Piotr Ilitch Tchaikovski, o grande compositor russo teve desejos homossexuais, e isso virá à público pela primeira vez sob a direção de Kirill Serebrennikov, hoje exilado de sua pátria mãe, e que deve permanecer com todos os motivos para não retomar à ela após seu novo polêmico filme.
Mariupolis 2 (dir. Mantas Kvedaravičius e Hanna Bilobrova)
Vindo com o buzz e a comoção em torno da morte do diretor lituânio, Kvedaravičius na Ucrânia durante o mês passado, seu documentário que continua o registro o mais novo capítulo moderno da guerra ucraniana já é um dos títulos mais importantes politicamente do evento. A contradição no entanto, esteve no nítido descontentamento da equipe do filme e a diretora, e noiva do falecido, Hanna Bibrovas com a exibição das performances aéreas pela French Air Force por conta de Top Gun: Maverick.
Ha-Hin/Eo (dir. Jerzy Skolimowski) (Seleção Oficial)
A Grande Testemunha (1966) de Robert Bresson onde o burro Balthazar era o grande elo narrativo para os acontecimentos em uma vila, segundo o próprio polonês Skolimowski foi o único filme que o fez derramar lágrimas, que após o mal sucedido 11 Minutes (2015), retorna agora com este filme que é uma espécie de sequência ou nova versão espiritual sobre o pobre jumentinho.
Pacifiction/Tourment sur les îles (dir. Albert Serra) (Seleção Oficial)
Holy Spider (dir. Ali Abbasi) (Seleção Oficial)
Com uma abertura fervorosa com um protesto feminista contra o feminicídio, o novo filme de Ali Abbasi, sobre um serial killer de prostitutas é um dos thrillers mais empolgantes desta nova edição do evento.
Scarlet/L'envol (dir. Pietro Marcello) (Quinzena dos Realizadores)
Smoker's Cough/Fumer fait tousser (dir. Quentin Dupieux) (Exibições da Meia Noite)
Nostalgia (dir. Mario Martone) (Seleção Oficial)
Three Thousand Years of Longing (dir. George Miller) (Fora de Competição)
Recontando o mito do gênio da lâmpada com Idris Elba e Tilda Swinton, o projeto novo de Miller já seria suficientemente atrativo, embora as reviews deste agora façam parecer que não o acompanharam com a mesma empolgação, mas ninguém contava de na abertura uma protestante seminua roubar a atenção por uns minutos, sacudindo um pouco aquele dia de exibição.
R.M.N (dir. Christian Mungiu) (Seleção Ofiical)
Close (dir. Lukas Dhont) (Seleção Oficial)
Corsage (dir. Marie Kreutzer) (Un Certain Regard)
Tori and Lokita (dir. Jean Pierre e Luc Dardenne) (Seleção Oficial)
The Eight Mountains/Le otto montagne (dir. Charlotte Vandermeersch e Felix Van Groeningen) (Seleção Oficial)
Butterfly Vision/Бачення метелика (dir. Maksym Nakonechnyi) (Un Certain Regard)
Drama sobre a prisão de uma mulher ucraniana envolvida na linha de frente contra as forças russas separatistas no conflito de Donbass em 2014, é outro dos títulos ucranianos relevantes e controversos politicamente do festival.
Crimes do Futuro/Crimes of the Future (dir. David Cronenberg) (Seleção Oficial)
Ontem (23/05), o tão aguardado título do
Cronenberg foi exibido, e as reações em torno das vísceras, o sexo com cortes cirúrgicos e a autopsia de uma criança não poderiam ser mais divisivas, causando saídas no meio do filme e
sete minutos de ovacionamento para o canadense.
Leilrs Brothers (dir. Saeed Roustayi) (Seleção Oficial)
One Fine Morning/Un beau matin (dir. Mia Hansen-Løve) (Quinzena dos Realizadores)
As Bestas/The Beast (dir. Rodrigo Sorogoyen) (Cannes Premiere)
Godland/Vanskabte Land (dir. Hlynur Pálmason)
Our Brothers/Nos Frangins (dir. Rachid Bouchared)
Restos do Vento (dir. Tiago Guedes)
Moonage Daydream (dir. Brett Morgen) (Exibições da Meia-Noite)
Brett Morgen, o cara por trás do doc mais aclamado sobre o Kurt Cobain há 10 anos, está de volta dessa vez prometendo uma experiência como nenhuma outra para retratar David Bowie.
All the People I'll Never Be/Retour à Séoul (dir. Davy Chou) (Un Certain Regard)
The Blue Caftan/Le Bleu du Caftan (dir. Maryam Touzani) (Un Certain Regard)
Joyland (dir. Saim Sadiq) (Un Certain Regard)
O polêmico cineasta português, realizador dos surreais e eróticos O Fantasma (2001) e O Ornitológo (2016), está de volta com esta fantasia musical.
More Than Ever/Plus que jamais (dir. Emily Atef) (Un Certain Regard)
Mediterranean Fever (dir. Maha Haj) (Un Certain Regard)
Silent Twins (dir. Agnieszka Smoczyńska) (Un Certain Regard)
War Pony (dir. Riley Keough e Gina Gammell) (Un Certain Regard)
Parece que após partipar de Docinho da América (2016), a neta do Elvis, Riley Keough se tornou uma discípula de Andrea Arnold e agora apresenta seu primeiro filme como diretora reunindo não-atores neste drama.
Aftersun (dir. Charlotte Wells) (Semana Internacional dos Críticos)
O filme com o Paul Mescal que tá roubando os holofotes, já tendo conseguido assinaturas com a MUBI e a A24 na distribuição internacional e diversas reviews que até o elegeram como uma obra-prima.
God's Creatures (dir. Anna Rose Holmer e Saela Davis) (Quinzena dos Realizadores)
Enys Men (dir. Mark Jenkin) (Quinzena dos Realizadores)
The Five Devils/Le cinq diables (dir. Léa Mysius)