terça-feira, 4 de outubro de 2022

De Openbaring (2022)


O texto de hoje está sendo escrito como um desafio: O quanto consigo enrolar com a escrita sob efeito do sono vindo e preguiça antes de desabar por essa noite, além de tratar de um filme que não me agrada. Então, vamos lá. De Openbaring/The Revelation se trata de um exemplar holandês de baixo orçamento produzido nos Países Baixos, rodado no período da pandemia por Chris W. Mitchell (o roteirista de O Massacre no Moinho de Vento, 2016), que pretende abordar a mesma. 

Com o surgimento dos alertas e o pânico com o covid-19 no início de 2020, um homem na casa dos 40 anos, Jacob (Victor Löw) decide se mudar para a residência da mãe (interpretada por Leny Breederveld) para garantir que a idosa permaneça segura, enquanto o futuro é incerto. Com uma pré-tendência para o isolamento por ter uma personalidade anti-social, Jacob começa a se afundar no mundo virtual em busca de respostas para a loucura que está ocorrendo ao redor do mundo, e que ele também observa pelas frestas das cortinas da janela da casa. Influenciado por visões do pai (Peter Bolhuis), um taxidermista que encarava o ato de remover a pele animal como uma forma de arte, a mente do homem começa a se degradar, entrando em declínio psicologicamente estando suscetível a acreditar em teorias de conspiração que encontra na internet, inclusive uma de fundamentos religiosos.

A irmã Magda (Monic Hendrickx) passa a notar a mudança de comportamento do irmão, que vê durante conversas por vídeo, enquanto ele a encara como um possível risco para a mãe idosa. A conotação religiosa presente não se faz por acaso quando se pensa que o nome do protagonista se refere a Jacó, o sacrifício vivo exigido por Deus para Abraão na Bíblia. O roteiro escrito por W. Mitchell reúne essa série de elementos para criar uma tensão crescente, e assim discutir o efeito nocivo que o isolamento social trouxe quando aplicado como medida obrigatória de segurança, também despertando atenção para o tratamento da saúde mental. A intenção parece polêmica, mas não vai muito além para poder ser visto como um produto anti-vacina ou anti-covid. Existe uma intenção em explorar esse cenário caótico de 2020, quando o vírus se alastrou de forma explosiva, mas os argumentos não se sustentam. Löw e Breedervelt são atores que participaram juntos no passado em De Noorderlingen (1992), de Alex van Warmerdam, e que possuem um pouco de entrosamento mas não o suficiente para auxiliarem na construção climática e opressiva dentro do espaço da residência. De Openbaring é falho em execução, e o que poderia considerar de aproveitável foi melhor realizado anteriormente em Rent-a-Pal (2020). Poderia ser até um representante dessa atual levada de filmes espanhóis ruins, onde costumam escalar Javier Gutiérrez, que não tem mais nem o que de oferecer de novo para o ator. E nem sequer estou irritado, justamente por ser um produto conformista em suas limitações, incapaz de provocar reações mais fortes, quando tinha bastante potencial para isso mesmo que pretendesse ser errôneo.

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